sexta-feira, 21 de outubro de 2011

No corpo

Sensação de aperto no peito e na garganta. Estrangulada e socada no estômago. Sensação na garganta mais forte. O aperto do peito se espalha como um choque para as mãos. Respiração curta e entrecortada com suspiros das mais diversas formas: assovios, expiração forte e repentina, entre outros. As pernas tendem a fechar, forçando os músculos interiores em uma contração desagradável como frio. Calafrios por todo o corpo. Tensão nos pescoços e nos ombros. Sensação eterna de estrangulamento.

Não tenho medo da morte, tenho medo das vidas. 

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Será isso a doença que me corrói por dentro e que tira o brilho da minha alegria, ou será isso um sintoma de uma doença tão interna que é intocável, soterrada nos escombros da memória, cuja sombra tenebrosa é a única coisa que aparece aos olhos? Tão terrível que é inaudível. Tão absurda que não cabe.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Repetição

Sonhei que tinham arrancado os brotos do meu pé de limão.
Sonhei que estávamos nós três.
Sonhei que tinham arrancado nós três.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011



A tua presença entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença pelos olhos, boca, narinas e orelhas
A tua presença paralisa meu momento em que tudo começa
A tua presença desintegra e atualiza a minha presença
A tua presença envolve meu tronco, meus braços e minhas pernas
A tua presença é branca verde, vermelha azul e amarela
A tua presença é negra, negra, negra
A tua presença transborda pelas portas e pelas janelas
A tua presença silencia os automóveis e as motocicletas
A tua presença se espalha no campo derrubando as cercas
A tua presença é tudo que se come, tudo que se reza
A tua presença coagula o jorro da noite sangrenta
A tua presença é a coisa mais bonita em toda a natureza
A tua presença mantém sempre teso o arco da promessa





Caetano Veloso