sexta-feira, 30 de julho de 2010

A PERDA



Recentemente tive que enfrentar uma situação hipotética da perda do meu amor. 
Nada aconteceu, só um pressentimento ruim. Mas como, segundo o querido Jung, o que eu experiencio em mim é mais real do que aquilo que acontece fora de mim, eu estive próxima da perda. 
Meu coração se apertou tanto que ficou pequenino. Minha concentração acabou se esvaindo devagar...
Na minha cabeça fui passando rápido aquilo que eu poderia fazer da minha vida. Mudaria completamente! E no meu coração começou uma nódoa de tristeza. Eu imaginei que poderia ficar triste para sempre se não tivesse amor o suficiente para mim e se achasse que não tinha mais o que fazer aqui.
Mas se eu conseguisse me amar e ver minha missão, eu continuaria. Me faltando pedaço.

Agora..., o que é perda? Perder o que? Eu não tenho nada. Não tenho emprego, não tenho casa, nem mesmo meu corpo me pertence. Muito menos as pessoas que eu amo tanto. Não tenho nenhuma delas, se eu as perco, na verdade nunca as tive. Cada um é dono de si mesmo, e apenas de si mesmo. 
Se todos quiserem ir embora, meu dever é aceitar e deixá-los ir.
Se tudo o que eu tenho se acaba, meu papel é providenciar outras coisas para minha sobrevivência e conforto.
Não é uma simples resignação, é a consciência de que nada me pertence!
E o que sou eu? Onde eu termino, onde eu começo? O que em mim é do outro? Isso é possível saber?

A perda está ligada ao apego. Apego é não perceber que tudo é transitório.
Meu deus, TUDO é transitório!
E o que É? O quê neste mundo simplesmente é, e não deixa de ser?
Eu, no mais profundo do meu ser, onde eu me confundo com todas as coisas do universo, me dissolvo em todo o amor que já existiu na face da Terra, este EU é.

O sofrimento faz parte dos significados humanos, de perda e apego. 
Trabalhando isso na terapia, percebi que preciso. E por isso tenho o direito de pedir. Pedir não implorando humildemente, mas pedir por que preciso. Caso não há quem possa me dar, não é necessário que fique um buraco da perda. Eu mesma, dentro da minha infinitude de Ser, posso me dar. Mesmo que o que eu me dê não seja aquilo que pedi, o buraco é tampado com alguma coisa valiosa. Isso que importa.

Enquanto não me fundo com o todo, ainda sou parte disso. Sinto muito por mim, e por nós que não existiremos mais. Ao mesmo tempo e no mesmo espaço, fico estarrecida quando vislumbro a grandeza que é se dissolver no todo. Que eu tenha amor! 





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