Acabei de parir. Doeu, ainda está doendo, dá muito medo e tenho a sensação de pisar em um chão de vidro acima da cidade.Eu pari uma mulher. Estava me arrumando para sair e olhei no espelho para ver se o vestido estava marcando a barriga. Surgiu do outro lado esta mulher, com olhos profundos e serenos quase tristes. Pensei: " Oi? Alguém viu isso? Onde eu estava enquanto virava mulher, que eu não vi?" Percebi que engravidei e pari sem que soubesse que era isso.
Estou passando por uma fase da vida de mergulhar profundamente em mim mesma, de me aceitar primeiro e depois me impor para quem quer que seja. Percebi que não posso abrir mão de mim senão a energia da vida não flui e o corpo e o espírito adormecem e nada sentem, jamais. Para começar a me gerar precisei doer, a vida me bater até sangrar e continuou mesmo depois que eu pedi clemência. Parecia que nada nunca ia dar certo, que tudo estava desmoronando bem em cima da minha cabeça. Ainda está, mas agora percebo que é o parto. E acredito do fundo do meu ser que esta mulher vai dar certo.
Em uma conversa com uma amiga querida percebi que (quase?) todas nós, aproximando dos 30, estamos passando por uma coisa profunda e difícil que geralmente envolve identidade e lugar no mundo. Que bom, meninas! Apesar de toda a dor, é uma chance de crescer, de parir alguma coisa, de limpar a casa para a energia da vida fluir.
Não temos controle sobre nada que a vida nos oferece, mas entre as ofertas podemos escolher. Olha direito, abre a consciência: as ofertas são muitas! Não temos controle sobre nossos pensamentos e nossa forma de ser, mas podemos escolher o melhor que há em nós, o melhor ponto de vista e a melhor atitude. Tudo vai passar, para que venha outro parto, outra crise e novas descobertas.
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