quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O CASAMENTO E O SAPATO



Ultimamente a vida me mostra pessoas com medo de se relacionar profundamente, com medo de se entregar de corpo e alma a alguém. E ao mesmo tempo, com um desejo imenso de encontrar a sua outra metade, aquele ou aquela que acompanhe, que complete, que cuide e que proteja. Me faz imaginar uma grande dor junto de uma sofrida contradição. Tudo o que é contraditório traz ansiedade e desamparo (segundo o que ando estudando por aí). Eu pergunto se o que mais importa são as pessoas ou o dinheiro. Se o que mais importa é sua família ou seu trabalho. Se o que mais importa é você ou o poder. Se o que mais importa é se casar ou construir uma carreira. São as mesmas perguntas!
Por que é tão mais assustador se relacionar com outra pessoa do que enfrentar a “vida lá fora”, as exigências do mercado de trabalho, a concorrência dos concursos. É tão monstruosamente assustador se comprometer com outra pessoa, tão arrebatadoramente transtornador se abrir de corpo e alma, se ver de frente para o espelho, parar o mundo e olhar nos olhos de alguém, que o dinheiro é, com certeza, mais importante que as pessoas! O poder é absolutamente mais importante que você! “Primeiro eu preciso te conhecer completamente, transar e morar com você. Depois disso, preciso ter certeza absoluta de que você me ama, certeza absoluta!!! E mesmo que eu tenha atestado tudo isso, preciso desesperadamente ter um emprego muito bom e uma posição social estável! E você também, pelo amor de deus, seja muito competente por aí, ganhe bem, não dependa de mim! Aí, quem sabe, se vc sempre cortar suas unhas, eu poderia me casar com você...”
Diante desta solidão desenfreada e triste, eu, muito orgulhosamente, muito romântica e amorosamente, declaro ao mundo e ao meu marido que eu o amo. Eu olho nos seus olhos, meu amor, nua de alma e de corpo, me entrego totalmente nas suas mãos, me sinto parte do seu sangue, do seu cheiro, da sua voz. Eu, com tudo aquilo que sou, com tudo o que não sou, moro no seu peito, aí é a minha casa. Todo o meu amor, todo o meu ódio está na bandeja, na sua mesa. Olhe, cheire, despreze e ame. Esta sou toda eu me abrindo e me entregando inteira para você. Sinta o meu amor, este movimento de cuidado, de carinho, de pra sempre. Hoje e agora é imenso na eternidade, só aqui e agora cabe tudo o que eu sinto e faço por você. Não existe palavra nem espaço, só sentimento e êxtase.
Daqui da minha entrega, olho com muito pesar para os falsos valores que se espalham pela sociedade, sinto medo do mundo e desejo que o mesmo amor que eu sinto envolva cada alma solitária.
Eu não acredito que sou melhor por ser tão privilegiada, só agradeço e tento, mesmo que eu não saiba como, merecer cada gota de amor que eu sinto e que eu recebo. Merecer, mesmo que eu não saiba como, cada valor que eu deposito nas pessoas e nas diversas formas de ser humano.

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